Existem diversas sensações e emoções com as quais o paciente oncológico precisa lidar durante o diagnóstico e tratamento da doença. Entenda como a psicoterapia pode ajudar!
A descoberta do diagnóstico do câncer pode ser um momento de alta carga emocional para os pacientes, responsável por despertar uma série de sensações conflitantes: dor, tristeza, raiva e ansiedade.1
O fato de lidar com uma doença potencialmente grave, como o câncer, pode levar o paciente a pensar sobre o futuro, sentido da vida, dificuldades do tratamento, modificação da autoimagem e despedida de familiares e amigos.1
Da mesma forma, a continuidade da rotina e da vida após a confirmação do câncer podem ser acompanhadas de algumas reações emocionais, como, medo, angústia e depressão, muito atreladas à incerteza e à noção popular de que o câncer pode ser uma doença terminal.1
Exatamente por isso, o desgaste psicológico se tornou um ponto de atenção em pacientes diagnosticados com câncer. Nos últimos anos, a psicoterapia tem se apresentado como uma aliada em todo o processo pré, durante e pós-tratamento oncológico.1
Os atendimentos psicoterápicos, em grupo ou individuais e especializados em Oncologia, podem ser uma via interessante e sustentável para administrar a saúde mental do paciente diagnosticado com câncer, bem como de sua família.1
Além do bem-estar psíquico do paciente, a importância desse tipo de atendimento também se relaciona com a forma de encarar o tratamento do câncer e as respostas do organismo a toda a jornada.1
Se o paciente se sente depressivo e pessimista em relação ao tratamento, a jornada se torna muito mais difícil e dolorosa, além de impactar na eficácia de todo o processo.1
As sessões psicoterápicas têm tempo de duração pré-determinado e podem acontecer com a melhor frequência acordada entre paciente e psicoterapeuta. A ideia é que os encontros levem em conta as questões individuais e o olhar pessoal do paciente em relação ao enfrentamento do câncer.2
Basicamente, as sessões são conduzidas por meio do diálogo, nas quais o paciente pode falar sobre suas reações e sensações.
Também há grupos de conversa conduzidos por psicoterapeutas, cujo intuito é parecido com o das sessões individuais, mas há o compartilhamento de histórias com outras pessoas que também convivem com o câncer.2
A especialização em Oncologia pode ser um diferencial importante para o psicoterapeuta, para um melhor entendimento dos processos pelos quais o paciente vai passar.
O foco do tratamento psicoterápico é direcionado para uma escuta neutra e atenta às questões que mais afligem o paciente oncológico durante o tratamento, em relação à família, vida profissional e pessoal.2
Algumas das ações e benefícios que a psicoterapia promove e que podem ajudar no cuidado com a saúde mental, são:
Se você sente necessidade de falar sobre as suas preocupações e dificuldades relacionadas ao tratamento do câncer, procure indicações de profissionais da psicoterapia e cuide do bem-estar emocional.
O paciente é o centro dos principais cuidados no tratamento oncológico, mas, os familiares também são afetados com os processos da doença.1
Tanto do lado do paciente quanto dos familiares, é comum existir dificuldade em estabelecer uma comunicação direta e que aborde todos os temas sensíveis relacionados ao câncer.1
Muitas vezes, a família quer poupar o paciente de certas informações. No contrário, o paciente também pode deixar de expor seus medos e preocupações pensando em não sobrecarregar a família.1
Nesse sentido, a psicoterapia também se estende aos familiares, como uma forma de diálogo sobre os anseios, dúvidas e dificuldades. Considerando que essas pessoas compõem a rede de apoio do paciente oncológico, é importante que elas também estejam mentalmente saudáveis e consigam administrar suas reações.1
O atendimento deve ser combinado junto ao profissional da psicoterapia, de acordo com as necessidades detectadas em uma primeira entrevista. Aqui, também vale a indicação de um profissional especializado em oncologia, pois isso facilita a identificação dos processos pelos quais o familiar está passando.1
Converse com a sua família e compartilhe a ideia de passar por atendimento psicoterápico. Isso pode ajudar no alívio da sobrecarga emocional de todo o tratamento oncológico.
Outro ponto importante é passar tempo com amigos e familiares, já que os vínculos afetivos também podem ser uma forma de encontrar conforto e alívio para os sintomas de ansiedade e medo.
Os profissionais habilitados para fazer esse tipo de atendimento são aqueles com formação em psicologia e psicanálise. É interessante realizar entrevistas e buscar por diferentes indicações, até encontrar um profissional que te deixe confortável com o processo.
Em muitos casos, há psicoterapeutas que se especializam em Psico-oncologia, uma área voltada para os mais diversos cuidados com o paciente que convive com o câncer.1,4
A Psico-oncologia é uma área interdisciplinar voltada para serviços e pesquisas que atendam pacientes oncológicos. As primeiras discussões e estudos sobre o tema aconteceram nos anos 90 no Brasil, como forma de trazer alternativas às opções de tratamento oncológico.4
A diferença entre a Psico-oncologia e a psicologia especializada em oncologia é que a primeira abrange muito mais que o atendimento psicoterápico.4
A área engloba todos os setores que envolvem algum aspecto psicossocial dentro da Oncologia. A Psico-oncologia pode ser voltada para profissionais da Medicina, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia, Psiquiatria, Enfermagem, Pedagogia, Assistência Social, assistência espiritual, voluntariado, consultoria de direitos e muito mais. A ideia é existir uma relação, direta ou indireta, com as demandas envolvidas no enfrentamento do câncer.4
O surgimento e aderência a esse tipo de serviço está relacionado representam um grande avanço no tratamento oncológico, pois demonstram uma maior humanização da Medicina, bem como ao inter-relacionamento de várias áreas em prol da qualidade no tratamento dos pacientes oncológicos.4
Existem alguns processos cognitivos e psicológicos que embasam as sensações complexas relacionadas à descoberta e convívio com o câncer.3
A depender do estágio da doença, e das possibilidades de tratamento, variam as reações de angústia e o sofrimento do paciente.3
É comum que todos os aspectos da doença possam provocar expectativas e medos, que surgem a partir do diagnóstico e se mantêm durante o tratamento, como ansiedade, raiva, impotência e depressão.3
Muitos pacientes podem sentir dificuldade em aceitar a doença, enxergando-a como uma sentença terminal e ameaça do destino, que tira todo o controle de decisão do indivíduo.3
Apesar disso, é importante lembrar que a medicina oncológica passou por muitos avanços tecnológicos nos últimos anos, aumentando as chances de cura e tratamento para casos de câncer.3
Tanto no momento do diagnóstico, quanto ao longo do tratamento, é importante perceber que o paciente pode vivenciar perdas e diversos sintomas que prejudicam o organismo e geram incertezas em relação ao futuro, contribuindo para a sensação de ansiedade.3
Quando não trabalhadas, essas sensações e reações podem dificultar o enquadramento do paciente à situação de adoecimento e, consequentemente, contribuir para um agravamento da doença ou dificuldade de lidar com o tratamento.3
Por isso, é tão importante pensar no preparo do paciente desde o momento do diagnóstico até o tratamento, oferecendo diferente opções de suporte para a saúde mental.3
Toda pessoa carrega consigo um conjunto de referências sobre as coisas, situações e pessoas que a rodeiam. Com o câncer, não é diferente.2 Cada um tem suas próprias referências, positivas ou negativas, acumuladas durante a vida, com base em acontecimentos ou informações recebidas acerca do tema câncer.2
A recepção do diagnóstico tem relação com as referências pessoais do paciente. Caso já existam casos de câncer na família, por exemplo, o enfrentamento pode ser influenciado por essas lembranças familiares. Da mesma forma, alguém que lidou com pacientes oncológicos curados pode ter uma visão mais otimista e esperançosa da doença.2
Essas informações ajudam a entender melhor as reações e dificuldades do paciente ao lidar com o diagnóstico e tratamento.2
Além das referências pessoais de cada pessoa, também há as ideias e conceitos coletivos que existem sobre o câncer. Muitas informações são baseadas em dados factíveis, muitas partem de opiniões mais abstratas e outras estão baseadas em concepções desatualizadas. O fato é que essas ideias foram alimentadas, construídas e estabelecidas ao longo dos anos.3
Cientificamente, câncer é o nome de um conjunto de doenças que causam o crescimento desordenado de células, resultando na invasão de tecidos e órgãos que podem se espalhar para diferentes partes do corpo.3
A transformação de células e o consequente surgimento de um tumor maligno podem ocorrer em qualquer corpo, partindo dos genes de uma única célula, capaz de se reproduzir formando uma massa tumoral.3
A palavra câncer tem origem do grego Karkinos e do latim Câncer, que têm relação com o animal caranguejo, devido à proximidade entre as veias ao redor do tumor externo e as pernas do crustáceo.3
Essas informações técnicas ajudam a esclarecer os motivos e referências utilizadas na estruturação do câncer enquanto doença.3
Os primeiros registros de câncer datam de tempos muito antigos, na forma de um osteoma na vértebra de um dinossauro há 50 milhões de anos. Há, também, documentos literatura hindu e persa, que registraram alguns conhecimentos rudimentares sobre a doença.3
A característica destruidora do câncer foi citada por Galeno, médico grego, responsável por classificar os primeiros tumores de pele entre malignos e benignos, além de considerar o câncer como um mal incurável.3
Com esses resgates históricos, é possível perceber que a doença acompanha a ideia de morte desde os primeiros diagnósticos, fato que pode ter contribuído para a disseminação de um medo profundo em ser diagnosticado com câncer.3
Por isso, caso você esteja passando pelo processo de tratamento do câncer e se identifique com esse imaginário, procure um psicoterapeuta para te auxiliar e lembre que a experiência de outras pessoas não precisa ser a mesma que a sua.
Outros fatores que contribuem para a ansiedade e medo relacionados ao câncer são as incertezas sobre a origem e possíveis tratamentos.3
O surgimento do câncer pode ter motivações internas ou externas ao corpo, que podem ou não ter relação entre si. Alguns fatores, como, predisposição genética, irradiação e até mesmo alimentação, já são reconhecidos como possíveis contribuintes para o desenvolvimento do câncer, mas nenhum desses fatores se apresenta como uma constante.3
Também em relação ao tratamento, ainda não existem opções totalmente garantidas ou livres de efeitos incômodos. Tanto a radioterapia quanto a quimioterapia submetem os pacientes a algumas situações de estresse. Muitas vezes, se faz necessário mais de um tipo de tratamento para o câncer.3
Todas essas características atribuem um fator de surpresa ao câncer, que pode potencializar as sensações de medo, angústia, ansiedade e raiva.3
O cuidado com a saúde mental no contexto oncológico é mais uma forma de tratamento que pode aliviar o estresse e ajudar a lidar com a rotina do câncer, contribuindo para um tratamento mais humanizado, integrado e capaz de contemplar os diferentes aspectos psicossociais envolvidos no processo.1-4
Converse com seu médico e família sobre a psicoterapia. Busque por indicações de profissionais qualificados e grupos de apoio e compartilhamento. Todo cuidado pode fazer a diferença para o convívio com o câncer.
Revisora Científica: Dra. Giselle Barros - CRM/SP 126424.
Referências
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