Qual o papel da equipe multidisciplinar no tratamento do câncer?

médica e paciente oncológica olhando para tablet.

Lidar com o câncer pode ser desafiador, emocional e fisicamente, fato que exige um tratamento com equipe multidisciplinar para atender o paciente em todas as suas necessidades. Muito além do médico oncologista, existem outros especialistas que participam da rotina do paciente, buscando a minimização de eventos adversos e o bem-estar.1-8

O diagnóstico do câncer e a fase de tratamento podem ser momentos de muita mudança na vida do paciente, comumente associados à dor física, dificuldades psicológicas e limitações financeiras. O estigma do câncer como “doença mortal” também pode contribuir para aumentar os sentimentos de medo, incapacidade, vulnerabilidade e angústia. Pode-se dizer que, praticamente, todos os aspectos da vida do paciente oncológico são afetados após a descoberta da doença.1,2

É exatamente por isso que o tratamento oncológico é baseado em uma equipe multidisciplinar de cuidados. O objetivo é oferecer suporte ao paciente em todos os âmbitos que envolvem o corpo e a mente, disponibilizando profissionais especializados em diferentes áreas da saúde. Além do tratamento do câncer em si, a equipe multidisciplinar também volta-se para a manutenção da qualidade de vida do paciente oncológico e de sua família.2

A atuação da equipe multiprofissional vai ao encontro da humanização do tratamento oncológico, como forma de atender o paciente em toda a totalidade do ser humano. Essa estrutura de atendimento tornou-se comum em hospitais por mostrar que os cuidados multidisciplinares podem impactar positivamente no sucesso do tratamento e melhorar os níveis de adesão do paciente. Alguns estudos ainda relacionam o cuidado multidisciplinar a uma menor taxa de metástases, recidivas e tumores secundários.2

Além de melhorar a qualidade do atendimento ao paciente oncológico, a multidisciplinaridade também é benéfica para o dia a dia dos profissionais que estão nos hospitais e ambulatórios. Isso porque a composição de diferentes especialidades possibilita ter um olhar mais estratégico para cada caso, facilitando a troca de opiniões e otimizando os atendimentos aos pacientes.2

É importante que os profissionais da equipe multidisciplinar oncológica tenham algum treinamento específico relacionado ao câncer. Alguns acabam se especializando em determinado tipo de câncer ou tratamento, outros estudam eventos adversos relacionados à doença e também há profissionais voltados para partes específicas do corpo.3

A comunicação entre os profissionais da equipe multidisciplinar, o paciente e os familiares é essencial para que o tratamento humanizado, completo e de qualidade seja possível. Afinal, durante o tratamento oncológico, o paciente conta com esse suporte médico para tirar todas as dúvidas e aliviar possíveis incômodos.3

Eventos adversos

médica e médico compartilhando ideias.

Os eventos adversos são reações indesejadas que determinadas medicações podem causar no paciente durante o tratamento oncológico. Todas as técnicas e métodos usados/desenvolvidos têm o objetivo de curar o câncer, com o menor efeito colateral possível. Ainda assim, existem eventos adversos que são muito comuns após a realização da quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, entre outros tratamentos.4

Neste sentido, a equipe multiprofissional faz-se ainda mais essencial e adequada para o tratamento oncológico. Alguns exemplos são os enjoos, vômitos, queda de cabelo e problemas de pele que podem surgir no paciente oncológico em tratamento. Sem o auxílio de profissionais especializados para tratar cada um desses efeitos colaterais, é difícil administrar o bem-estar do paciente. A equipe multiprofissional existe, exatamente, para fazer o manejo de sintomas e a prevenção de situações que possam agravar o quadro do câncer.2

Esse cuidado multidisciplinar contribui diretamente para um tratamento bem-sucedido e para a qualidade de vida do paciente que vive com uma doença crônica, podendo ser prestado por psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, enfermeiros, assistentes sociais, farmacêuticos e muitos outros profissionais.1,5,6

Conheça mais sobre os profissionais que participam da equipe multidisciplinar oncológica

Como já foi dito, as equipes multiprofissionais oncológicas podem ser compostas por diferentes profissionais, variando as especialidades de acordo com os tipos de câncer e as situações mais relacionadas a eles.1,2

O médico oncologista é o profissional capacitado para diagnosticar e tratar o câncer. As diretrizes do tratamento partem dele e vão se integrando ao trabalho dos outros profissionais da equipe, de acordo com as necessidades apresentadas por cada paciente.3

Dermatologista

mãos com creme no dorso.

O oncodermatologista é o profissional especializado no diagnóstico e tratamento das doenças de pele relacionadas ao câncer. Sua presença tem sido cada vez mais requisitada nas equipes multidisciplinares porque as terapias oncológicas atuais frequentemente causam eventos adversos dermatológicos.3

Como exemplo, podemos citar a quimioterapia citotóxica, terapias-alvo e imunoterapia, que costumam ter efeitos sobre a pele, cabelos e unhas dos pacientes. Erupções cutâneas, xerose, prurido, síndrome mão-pé e alopecia são alguns dos eventos adversos mais comuns e que impactam diretamente na qualidade de vida do paciente. Muitas vezes, esse tipo de efeito pode reduzir ou interromper a adesão ao tratamento oncológico, dificultando a melhora da doença.6,7

O papel do oncodermatologista é, exatamente, estudar e investigar esses eventos adversos relacionados à pele, a fim de encontrar formas de tratá-los e preveni-los. Dessa forma, o paciente pode manter a terapia oncológica com a dosagem adequada, mantendo o tratamento paralelo dos eventos adversos na pele.6,8

Radioterapeuta

O radioterapeuta é o profissional adequado para administrar os tratamentos com radioterapia. Essa especialização permite que ele posicione o paciente oncológico corretamente e controle o equipamento terápico.3,9

A dosagem e áreas do corpo a serem evitadas são indicados por outros profissionais, deixando para o radioterapeuta apenas a função de aplicar o que foi prescrito.3,9

Odontologista

Pensando que radioterapia e quimioterapia aplicadas no pescoço e na cabeça podem causar eventos adversos - como mudança do paladar e sangramento - é importante ter a presença de um odontologista na equipe multidisciplinar.5

Esse profissional também é habilitado para prevenir, identificar e tratar qualquer infecção bucal que possa comprometer ainda mais a saúde do paciente oncológico.5

O odontologista ainda cumpre o importante papel de orientar o paciente sobre os bons hábitos de higiene da boca e práticas que ajudam a evitar o ressecamento dos lábios, outro evento adverso oncológico comum, e manejo da mucosite.5

Fisioterapeuta

fisioterapeuta manipulando perna de paciente.

Durante o tratamento oncológico, o fisioterapeuta pode ser acionado quando o paciente apresentar qualquer complicação física relacionada à mobilidade, força e funções motoras. Isso pode incluir a dor em determinadas partes do corpo, fraqueza, edemas, cansaço e dificuldade de movimentação.5

Esse profissional também consegue prevenir algumas condições físicas que podem surgir com o tratamento do câncer. O fisioterapeuta pode usar diferentes métodos com o paciente, incluindo exercícios, calor, frio e aparelhos específicos.3

Nutricionista

A boa nutrição do paciente oncológico é determinante para seu bem-estar e eficácia das terapias usadas. O tratamento do câncer com quimioterapia e radioterapia, porém, costuma causar náuseas, perda ou aumento excessivo do apetite, anorexia, desnutrição, diarreia e outros efeitos colaterais que podem complicar o quadro do paciente e afetar sua tolerância às terapias.5

O nutricionista pode ajudar o paciente a manter-se nutrido, driblando alguns desses efeitos adversos do tratamento. Isso contribui para a adesão ao tratamento e torna o atendimento médico mais individualizado.5

Farmacêutico

Nas equipes multidisciplinares oncológicas, o farmacêutico tem o papel de garantir a segurança no uso de medicamentos. Esse profissional conhece as formas de administração e armazenagem adequadas das drogas, bem como suas possíveis interações e eventos adversos mais comuns. Seu trabalho é importante, principalmente, na aplicação de tratamentos como a quimioterapia.3,5

psicóloga sentada em sofá atendendo paciente.

Psicólogo

O psicólogo é o profissional que avalia e dá suporte nos âmbitos mental e emocional do paciente oncológico. Esse atendimento é muito importante para que o paciente encontre formas de lidar com o estresse, ansiedade, sofrimento e possível dificuldade de aceitar o câncer.1,3,5

Além de trabalhar com técnicas específicas, o psicólogo também define a melhor forma de atendimento, mantendo uma escuta ativa para entender as demandas e sentimentos de cada paciente. Esse profissional ainda trabalha para que o paciente oncológico seja participativo e protagonista do seu tratamento e do processo de superação da doença.1,5

Capelão

O capelão é um líder religioso ligado a uma capela, autorizado a realizar atividades religiosas. Pensando na totalidade do paciente oncológico como ser humano, é importante dar atenção à espiritualidade. Além do capelão, líderes religiosos de diferentes vertentes podem participar do tratamento oncológico.3

Oncogeneticista para aconselhamento genético

Esse profissional avalia a possibilidade de predisposição genética de pessoas da mesma família desenvolverem determinadas doenças, inclusive alguns tipos de câncer. Essa área pode contribuir para que familiares de pacientes encontrem medidas preventivas com bastante antecedência, além de orientar sobre o acompanhamento necessário para pessoas com alguma predisposição a determinadas doenças.3

Especialistas em dor

A intensidade e frequência da dor podem ser fatores de muito sofrimento para o paciente oncológico, dificultando, inclusive, sua adesão e continuidade ao tratamento do câncer. Por isso, é comum que profissionais especializados no tratamento da dor façam parte, das equipes multidisciplinares. O objetivo é encontrar as melhores formas de reduzir o desconforto do paciente, sem impactar no andamento do tratamento oncológico.3

Cirurgião plástico ou reconstrutor

A cirurgia plástica ou reconstrutiva é um recurso médico que pode impactar diretamente a autoestima e bem-estar dos pacientes, bem como o funcionamento saudável de determinadas partes do corpo.3

médica segurando mãos da paciente.

Enfermeiros

Os enfermeiros e enfermeiras estão entre os profissionais que mais têm contato com os pacientes oncológicos e seus familiares. No dia a dia, esses profissionais podem realizar muitas funções, indo desde questões mais teóricas sobre a doença até o tratamento de efeitos colaterais.3

Em alguns casos, a enfermagem também pode acompanhar o paciente em casa, seja para cuidados durante ou após o tratamento do câncer.3

Terapeuta enterostomia

Esse profissional recebe treinamento específico para ensinar outras pessoas a cuidar de feridas e aberturas cirúrgicas. Seu papel é fundamental para orientar familiares e pacientes nos cuidados domiciliares após procedimentos médicos.3

Assistente social

Como diz o próprio nome, esse profissional tem conhecimentos sobre saúde e câncer para prestar suporte social ao paciente e seus familiares. Essa assistência pode ter relação com a garantia de tratamento, recursos e serviços de apoio, abrangendo tanto a esfera emocional como financeira.3

O assistente social pode ajudar o paciente oncológico em relação aos seus direitos previstos em lei, bem como oferecer materiais didáticos sobre várias questões relacionadas ao câncer.3

Além de todos os profissionais que foram citados, as equipes multiprofissionais também podem contar com endocrinologista, gastroenterologista, ginecologista, hematologista, urologista, nefrologista, psiquiatra e profissionais de muitas outras especialidades.3

Outras abordagens de terapia holística também podem fazer parte do tratamento do paciente oncológico, sempre com o foco de aliviar dores e incômodos e promover o bem-estar. Acima de tudo, é importante lembrar que a equipe multiprofissional está pronta para amparar os pacientes e seus familiares.

Para ler mais conteúdos sobre o tratamento do câncer, acompanhe o blog do Programa Suavidade, uma iniciativa da TheraSkin®. Acreditamos que a informação e o acolhimento são indispensáveis para manter a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes oncológicos.

Revisora Científica: Dra. Giselle Barros - CRM/SP 126424.

Referências

  1. FERREIRA, Ana Paula de Queiroz; LOPES, Leany Queiroz Ferreira; MELO, Mônica Cristina Batista de. O papel do psicólogo na equipe de cuidados paliativos junto ao paciente com câncer. Revista da SBPH, v. 14, n. 2, p. 85-98, 2011. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582011000200007. Acesso em: 06 out. 2022.
  2. Oncológica do Brasil. Equipe Multidisciplinar e sua Importância no Tratamento do Câncer. Disponível em:https://www.oncologicadobrasil.com.br/blog/equipe-multidisciplinar-cancer/#:~:text=Equipe%20Multidisciplinar%20e%20sua%20Import%C3%A2ncia%20no%20Tratamento%20do%20C%C3%A2ncer&text=A%20atua%C3%A7%C3%A3o%20da%20equipe%20multidisciplinar,recupera%C3%A7%C3%A3o%20de%20estado%20de%20sa%C3%BAde . Acesso em: 06 out. 2022.
  3. American Cancer Society. Health Professionals Associated with Cancer Care. Disponível em: https://www.cancer.org/treatment/treatments-and-side-effects/choosing-your-treatment-team/health-professionals-associated-with-cancer-care.html . Acesso em: 06 out. 2022.
  4. National Cancer Institute. Adverse effect. Disponível em: https://www.cancer.gov/publications/dictionaries/cancer-terms/def/adverse-effect . Acesso em: 06 out. 2022.
  5. Abrale. Equipe multidisciplinar, direito de todos os pacientes Disponível em: https://revista.abrale.org.br/equipe-multidisciplinar-e-um-direito/ . Acesso em: 06 out. 2022.
  6. DEUTSCH, Alana et al. Dermatologic adverse events of systemic anticancer therapies: cytotoxic chemotherapy, targeted therapy, and immunotherapy. American Society of Clinical Oncology Educational Book, v. 40, p. 485-500, 2020. Disponível em: https://ascopubs.org/doi/full/10.1200/EDBK_289911 . Acesso em: 06 out. 2022.
  7. CHARLES, Cécile et al. Impact of dermatologic adverse events induced by targeted therapies on quality of life. Critical reviews in oncology/hematology, v. 101, p. 158-168, 2016. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1040842816300440. . Acesso em: 06 out. 2022.
  8. CURY-MARTINS, Jade et al. Management of dermatologic adverse events from cancer therapies: recommendations of an expert panel. Anais brasileiros de dermatologia, v. 95, p. 221-237, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abd/a/RrcwFc47DFV3TV5VCdfM3Lg/?lang=en&format=pdf .Acesso em: 06 out. 2022.
  9. Hospital Santa Julia. A diferença do tratamento multidisciplinar no tratamento do câncer. Disponível em: https://hospitalsantajulia.com.br/tratamento-multidisciplinar-cancer/ . Acesso em: 06 out. 2022.

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