Quais são os efeitos colaterais do tratamento do câncer?

O paciente diagnosticado com câncer pode apresentar uma série de sintomas causados pela doença e, além disso, pode sofrer alguns efeitos colaterais por conta da medicação oncológica. Estes efeitos colaterais são formalmente chamados de eventos adversos e estão relacionados a qualquer reação desfavorável que uma pessoa possa ter ao utilizar uma medicação.^1,2

Nos últimos anos, os avanços da ciência na área oncológica permitiram a descoberta de novos tratamentos, que aumentam as chances de cura e prolongam a sobrevida dos pacientes. Ainda que esses tratamentos tenham o objetivo de reduzir os efeitos colaterais ao máximo, eles podem comprometer a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes.^1,2

Na Oncologia, os medicamentos frequentemente causam eventos adversos. Porém, com o surgimento das novas terapias oncológicas, observa-se que o perfil dessas reações tem mudado em relação ao que se via antes com a quimioterapia clássica. Além disso, existem melhores opções de manejo dessas reações.^1-3

O que são efeitos colaterais?

Todos os medicamentos aprovados pela Anvisa são considerados seguros e devem apresentar mais benefícios que efeitos colaterais para terem a utilização autorizada.⁴

Esses efeitos colaterais também são chamados de eventos adversos, tendo relação com qualquer efeito indesejado que uma droga pode causar no paciente. Cada medicamento tem mapeado as reações adversas mais comuns relacionadas ao seu uso.⁴

Os efeitos adversos mais comuns costumam ocorrer quando o paciente:

• inicia um novo medicamento;
• altera a dosagem de uma medicação;
• interrompe o uso de uma medicação após algum tempo.

No caso do câncer, considerando que as células se dividem rapidamente para formar o tumor, o foco da medicina tem sido o bloqueio dessa divisão celular acelerada. O problema é que esse tipo de tratamento acaba afetando as células de outros tecidos do corpo que também se dividem com rapidez, como as do cabelo, sangue e mucosas. Por isso, o paciente pode sofrer com a queda do cabelo, maior suscetibilidade a infecções, diarreia e problemas bucais.^1-3

A boa notícia é que a medicina oncológica está cada vez mais voltada para a qualidade de vida do paciente e em busca de tratamentos que sejam menos nocivos para o corpo. No contexto atual, conhecer os possíveis eventos adversos e as soluções para mitigá-los contribui muito para a segurança e preservação do paciente.¹

Esse tipo de informação ajuda médicos e pacientes a tomarem medidas preventivas para evitar determinadas reações. Da mesma forma, também é mais simples encontrar soluções mesmo depois que o evento adverso já aconteceu.⁴

Para monitorar os eventos adversos, paciente oncológico e médico precisam estar em constante comunicação. É importante que o paciente relate todas as situações de efeitos colaterais e tire dúvidas, para que o incômodo não afete sua adesão ao tratamento do câncer.⁴

Efeitos colaterais do tratamento do câncer: conheça os mais comuns

Os eventos adversos que citaremos podem ter relação com alguns dos tratamentos mais comuns do câncer. Entre eles, é possível citar a radioterapia, quimioterapia, imunoterapia, terapia hormonal e terapia-alvo.⁵

A escolha do tratamento depende do tipo de câncer e condições específicas de cada paciente. Converse com o médico para entender todos os benefícios e efeitos colaterais que determinado medicamento pode trazer durante o tratamento oncológico.⁵

Náuseas e vômitos

É muito comum que o tratamento do câncer cause enjoos e vômitos nos pacientes. Isso pode ocorrer porque a medicação afeta o estômago, intestino e sistema nervoso. Outra queixa recorrente é o amargor na boca após a realização de quimioterapia. Para aliviar o gosto desagradável na boca, comidas ácidas podem ajudar a superar o gosto metálico, como limão, laranja, abacaxi, tangerina e gengibre.^6,7

Se os episódios de náusea e vômito se tornam muito frequentes, o paciente pode ficar desnutrido, perdendo líquidos e sais minerais importantes. Para repor essas perdas, existem diversas medidas que o paciente pode tomar junto ao seu médico. O consumo de água é fundamental e impacta diretamente no fortalecimento da imunidade.⁷

Outras dicas são:

• evitar o uso de temperos fortes;
• recorrer aos alimentos frios e gelados;
• tornar os pratos visualmente atrativos;
• fazer refeições em pequenas quantidades, seis vezes ao dia;
• utilizar talheres de plástico ou de madeira em vez dos metálicos;
• estabelecer ambientes calmos e sem cheiro para fazer as refeições.⁶

Diarreia

A diarreia pode ser desencadeada pela quimioterapia, radioterapia na região da pelve, infecções e pelo próprio avanço do câncer. Existem estágios de gravidade e a intensidade dos quadros deve ser relatada ao médico.⁸

Assim como o vômito, a diarreia também contribui para a perda de água e sais minerais, levando o paciente à desidratação, sensação de fraqueza e possível desnutrição. Por isso, é essencial ingerir muita água e outros líquidos em geral.⁸

Para esse tipo de efeito adverso, não é indicado que o paciente consuma frutas cruas, pão integral, fritura, alimentos gordurosos, comida apimentada, cafeína, leite e álcool, pois eles podem agravar a diarreia.⁸

Perda de apetite e de peso

Como já vimos, a quimioterapia pode interferir no funcionamento normal do estômago e intestino, ocasionando náuseas e vômitos. Além desses sintomas, o paciente oncológico também pode enfrentar alterações do metabolismo, dificuldade para engolir e boca seca. Tudo isso pode impactar no apetite.⁹

Para evitar a desnutrição e manter o sistema imunológico forte, é indispensável que o paciente alimente-se bem. Por isso, os sinais de perda de apetite precisam de atenção e medidas terapêuticas rápidas.⁹

Mudanças nos materiais dos talheres, temperos e aspecto visual dos alimentos podem ajudar muito no dia a dia. Da mesma forma, é preciso entender quais alimentos são mais estratégicos e prazerosos para o paciente, de acordo com as necessidades de cada um.⁹

Queda da imunidade e infecções

A quimioterapia e a radioterapia podem afetar o sistema imunológico do paciente porque agem sobre as células da medula óssea. Essas células são responsáveis pela produção de glóbulos brancos, que defendem o corpo contra infecções.¹⁰

Outras condições decorrentes do tratamento, como falta de sono, perda de apetite, estresse e cansaço também podem contribuir para o enfraquecimento do sistema imunológico. Isso significa que os pacientes oncológicos em tratamento ficam mais suscetíveis a infecções por bactérias, fungos ou vírus.¹⁰

Essa vulnerabilidade é ruim porque pode atingir o paciente tanto na saúde física quanto emocional. Normalmente, é necessário pausar as sessões de quimioterapia durante quadros infecciosos.^11,12

Atente-se a qualquer sinal de febre (temperatura corporal > 37,8°C), calafrios, tosse, diarreia, ardor ao urinar, vermelhidão em qualquer área do corpo, enfraquecimento súbito, dificuldade de respirar etc.^11,12

Para prevenir as infecções, o paciente com câncer em tratamento deve lavar as mãos com frequência, usar máscara em ambientes fechados, evitar comer comidas cruas fora de casa ou que não saiba a procedência ou em restaurante de higiene duvidosa, e ficar longe de multidões.^11,12

Mucosite e boca seca (xerostomia)

A radioterapia, quimioterapia e alguns medicamentos podem afetar as glândulas salivares e comprometer a mucosa da boca.¹³

Um dos sintomas comuns é a xerostomia, mais conhecida como boca seca. Além do incômodo nos lábios, o paciente fica mais suscetível a problemas nos dentes e gengivas, fazendo-se importante consultar o dentista antes de iniciar o tratamento oncológico.^13,14

Outro sintoma que pode afetar a boca das pessoas com câncer é a mucosite, que é a perda da barreira protetora da mucosa por conta do uso de certos medicamentos. Esse problema causa inflamações e feridas na boca, dificultando a alimentação devido à dor.^13,14

Consulte o odontologista para garantir a resolução desses problemas e entender quais medidas podem ajudar a evitá-las durante o tratamento oncológico. Outros especialistas médicos também podem contribuir com dicas em relação a esses efeitos colaterais, como o nutricionistas e o dermatologista.^13,14

Ansiedade e depressão

O diagnóstico do câncer costuma causar um impacto psicológico forte nos pacientes que o recebem. Isso é natural e esperado, podendo levar a dificuldades emocionais, ansiedade e estados depressivos.¹⁵

Além disso, o período de tratamento também pode ser desafiador. O estado emocional do paciente tem impacto direto na adesão ao tratamento e sucesso das terapias utilizadas. Mesmo com todo suporte médico, o bem-estar do paciente oncológico pode ficar comprometido se não houver um cuidado específico com a parte psicológica.¹⁵

É importante que o paciente oncológico receba suporte médico especializado para cuidar do lado emocional. A psico-oncologia é a área terapêutica mais indicada para esse tipo de tratamento.¹⁵

Queda do cabelo

A quimioterapia tenta impedir a multiplicação acelerada das células cancerosas no corpo, mas também acaba afetando as células saudáveis. Isso significa que as células do cabelo, que também se multiplicam com rapidez, têm suas atividades desacelerada, levando à perda de cabelo.¹⁶

Nem todo tipo de quimioterapia ocasiona queda do cabelo e, além disso, mesmo quando ocasiona, normalmente não impede a volta do crescimento 2 ou 3 meses após o término do tratamento. Nessa fase, é importante cuidar do couro cabeludo para ajudar na recuperação capilar.¹⁶

Existem, ainda, algumas medidas preventivas que podem ajudar nesse sentido. Consulte seu médico para saber se algumas dessas medidas se aplicam ao seu tipo de tratamento oncológico.¹⁶

Alterações na pele

Quimioterapia, radioterapia e novas terapias oncológicas, como imunoterapia e drogas-alvo, comumente afetam a pele, que pode ficar mais sensível. Com algumas medicações, a pele exposta ao sol pode ficar avermelhada com maior facilidade, ao que chamamos de fotossensibilidade. A pele também pode apresentar inflamação, descamação e coceira, durante o tratamento oncológico.¹⁷

Bolhas, erupções, espessamento da pele, ardor e mudanças na pigmentação da pele também podem ocorrer. Já nas unhas, o paciente pode observar alteração da cor, com o surgimento de manchas acastanhas ou esbranquiçadas, dor nas cutícula e rachaduras nas pontas dos dedos.¹⁷

Para aliviar esses sintomas, é preciso manter a pele bem hidratada, com o uso de cremes emolientes, melhora de hábitos de banho - preferir banho morno ou frio e rápido - e maior ingestão de líquidos.¹⁷

Procure informações seguras e fale com o seu médico sempre que surgir alguma dúvida sobre os efeitos colaterais do tratamento do câncer. Leia mais conteúdos no blog do Programa Suavidade, uma iniciativa da TheraSkin® para acolher os pacientes com câncer.