Pacientes oncológicos tendem a desenvolver eventos adversos no organismo em decorrência do tratamento e, muitas vezes, os sintomas afetam a pele, comprometendo o bem-estar. Apesar desses sinais, a qualidade de vida e uma pele saudável podem ser restabelecidas com alguns cuidados necessários.
Câncer é um termo que compreende mais de 200 doenças e tem como característica comum o crescimento desordenado das células do corpo. Essa multiplicação anormal e descontrolada pode invadir tecidos e outros órgãos do organismo, complicando o quadro clínico do paciente.1
Com o avanço da Oncologia, em conjunto com as práticas da medicina moderna, os tratamentos para o câncer evoluíram consideravelmente. Atualmente, a sobrevida dos pacientes é maior e a toxicidade dos tratamentos enfrenta uma melhora significativa.1
Entretanto, algumas formas de tratamento ainda estão relacionadas a eventos adversos na pele, o que impacta na qualidade de vida dos pacientes.2
Para cada modalidade de tratamento oncológico há uma lista de eventos adversos esperados com maior e menor frequência. No entanto, a incidência e a severidade desses eventos pode variar de acordo com características individuais do paciente, seu estado nutricional, a dosagem, o tipo de medicamento utilizado, a combinação de agentes e de tratamentos, e a duração da terapia. A boa notícia é que, na maioria dos casos, esses efeitos são reversíveis com o fim do tratamento do câncer.3
O tratamento do câncer tem como objetivo a cura ou gerar alívio dos sintomas. Hoje, existe uma variedade de tratamentos e os mais conhecidos são: quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Entretanto, para cada tratamento há uma conduta médica baseada na avaliação, exames e evolução da doença nos pacientes oncológicos.4
Isso torna-se importante porque, dependendo da terapia utilizada, é proposta uma conduta de intensidade e duração do tratamento, tendo como foco a cura da doença e minimização dos eventos adversos.2,5
Portanto, cada paciente oncológico pode apresentar um efeito ou reação diferente ao tratamento ou, até mesmo, não apresentar efeito algum.5
Esses sintomas estão associados à dosagem, o tipo de substância utilizada no tratamento e a duração da terapia. A boa notícia é que, na maioria dos casos, esses efeitos são reversíveis com o fim do tratamento.5
Esses eventos adversos na pele durante a quimioterapia podem reduzir a qualidade de vida do paciente, com limitação em atividades básicas do dia a dia, como ir ao mercado, fazer um telefonema, preparar uma refeição, além das atividades de autocuidado que podem ser prejudicadas, como vestir-se ou tomar banho.8
A gravidade dos eventos adversos dermatológicos deve ser priorizada pela equipe multidisciplinar durante a evolução do tratamento oncológico.8
Instrumentos que avaliem os sintomas clínicos podem ser utilizados para que sejam propostos os melhores métodos de prevenção e tratamento dos eventos adversos para preservação da qualidade de vida dos pacientes. Além disso, o dermatologista da equipe multidisciplinar pode indicar quais são as opções para o paciente.
Fotoproteção, hidratação e os cuidados com as mãos, pés e unhas são importantes meios para minimizar a ocorrência e a intensidade dos eventos adversos.
Os eventos adversos proporcionados pelo tratamento oncológico geram desconforto e, muitas vezes, impactam na autoestima dos pacientes.8
Com as alterações físicas provocadas, principalmente, pela quimio e radioterapia, estão as mudanças psicológicas que integram o conjunto: qualidade de vida e bem-estar.8
Nesse sentido, torna-se fundamental a redução dos eventos adversos para que, em paralelo, seja mantido o equilíbrio emocional dos pacientes. A partir disso, o autocuidado se faz presente, uma vez que, para reduzir as manifestações clínicas, é necessário desenvolver atitudes que promovam a saúde.8
É consenso entre a equipe multidisciplinar que pacientes oncológicos devem usar proteção solar contínua. Entre os motivos estão as lesões e hipersensibilidades provocadas pelos eventos adversos da quimioterapia e radioterapia, o que pode ser ainda potencializado pela exposição ao sol.9,10
Os raios ultravioleta, especialmente UVA e UVB, não são filtrados completamente pela atmosfera e atingem com maior intensidade a superfície da Terra. Eles são responsáveis pelo envelhecimento precoce da pele, contribuem para elevar a predisposição ao câncer e podem desencadear alterações nas células.9,10
Nesse sentido, torna-se ainda mais necessária a fotoproteção para os pacientes em tratamento.
O excesso de exposição ao sol e sem proteção representa um dos maiores riscos para pacientes em tratamento de câncer. Apesar de ser fundamental para a saúde, o sol emite um volume de radiação que pode ser prejudicial.9,10
O desenvolvimento de fotoprotetores eficazes e seguros é obtido por meio do conhecimento de seus mecanismos de ação e formulações. Os filtros solares, além de protegerem contra os raios ultravioletas, podem hidratar e rejuvenescer a pele.10
O mais importante antes de fazer o uso de qualquer protetor solar é questionar o médico sobre a composição e uso daquele produto. Somente um especialista poderá direcionar a melhor indicação para garantir a fotoproteção e, ao mesmo tempo, evitar outros eventos adversos.11,12
Como o paciente oncológico precisa ficar atento à composição dos produtos de higiene e beleza, a mesma preocupação deve acontecer quando o assunto são os protetores e bloqueadores solares.11,12
Protetores solares devem ter amplo espectro de ação, contra raios UVA e UVB, FPS maior que 30 e devem ser aplicados na quantidade adequada. Uma regra fácil para saber a quantidade ideal de protetor solar é a regra da colher de chá. Use uma colher de chá de protetor solar para a cabeça e uma para cada membro superior, duas colheres de chá para o tronco e duas colheres de chá para cada membro inferior.10,11,12
Para pacientes em tratamento oncológico, a fórmula desses produtos pode gerar irritações e reações alérgicas indesejadas. Basicamente, o produto adequado ao paciente com câncer será hipoalergênico, ou seja, que têm menor probabilidade de causar alergias e, ao mesmo tempo, garantir a fotoproteção.11,12
Além de loções específicas para a proteção solar, a barreira física torna-se essencial para os pacientes oncológicos. Hoje, já é possível encontrar roupas e chapéus com fotoprotetores e a disponibilidade desses produtos está reduzindo o preço de mercado, o que pode ser um bom investimento.11,12
Os cuidados com a pele não devem se restringir apenas à fotoproteção. Para esses pacientes, garantir qualidade de vida e minimizar os eventos adversos exige uma hidratação do organismo que pode ser obtida de diversas formas.12
Dentre os cuidados inerentes ao tratamento contra o câncer, a hidratação é um ponto essencial. Alguns eventos adversos provocam perda significativa de líquidos e de sais minerais que precisam ser repostos.13,14
O paciente oncológico deve, portanto, repor líquidos para evitar a desidratação e, assim, diminuir a sensação de fraqueza, aumentando a eficiência das reações fisiológicas que acontecem no organismo. Sabe-se que a pouca ingestão de líquidos interfere no funcionamento do organismo como um todo.13,14
Nesse sentido, a água é fundamental para a hidratação do corpo, mas também, é importante ingerir outras fontes que hidratam o organismo, como sucos, frutas e alimentos líquidos.13,14
Beber a quantidade recomendada de água pode ser uma tarefa difícil, por isso a ingestão de líquidos por outros meios facilita o processo de hidratação do corpo.13,14
Além disso, a utilização de hidratantes para a pele ajuda a revitalizar o tecido epitelial e recuperar sua hidratação e proteção natural do organismo. Quanto mais saudável for a pele do paciente - e isso inclui a hidratação interna e externa - melhor o paciente resistirá ao tratamento, apresentando os eventos adversos com menos intensidade.13,14
A água é a principal fonte de hidratação para o corpo, mas ela pode ser complementada em outras formas, como:
Todo o cuidado com a pele é necessário para manter a integridade do tecido epitelial. É importante hidratá-la intensamente com o uso apropriado de produtos dermatológicos. Vale lembrar que qualquer uso deve ser antes consultado pelo dermatologista que acompanha o paciente.13,17
O importante é buscar produtos desenvolvidos e testados em peles sensíveis. Comumente, as formulações são hipoalergênicas, com compostos selecionados que reduzem, significativamente, as reações alérgicas e outros eventos adversos.13,17
Além disso, a presença de água termal nesses produtos promove conforto para a pele e também ação calmante, importante para a sensibilidade e fragilidade do tecido epitelial.13,17
Para uma hidratação mais profunda, é favorável optar por ingredientes ativos capazes de restabelecer a hidratação natural da pele. Produtos com ação emoliente, umectante e oclusiva na sua formulação propiciam maior hidratação. Entre eles, estão a manteiga de karité, a glicerina, as ceramidas e óleos vegetais. Esses componentes diminuem a perda de líquido na pele, potencializando a hidratação.13,17,18
As extremidades do corpo - mãos e pés - merecem um cuidado especial durante o tratamento oncológico por serem regiões com menor presença de glândulas sebáceas, que impactam na hidratação natural da pele. Portanto, é comum o ressecamento nessas áreas e a presença de eventos adversos do tratamento oncológico.13,17
Nessas regiões, devido ao ressecamento, a pele tende a rachar, o que provoca ardor. Essas rachaduras são a porta de entrada para infecções e contato com produtos químicos que provocam ainda mais incômodo ao paciente.14,16
Para evitar esse desconforto, a hidratação das extremidades do corpo é fundamental. Recomenda-se o uso de meias ou luvas após a aplicação do creme para garantir melhores resultados.14,17
A hora do banho é outro momento de cuidado importante dos pacientes em tratamento do câncer. A utilização de sabonetes adstringentes, ou seja, que removem a camada hidrolipídica - composta por gordura e água -, impede a retenção de água na pele, prejudicando a hidratação.14,16
O indicado é a escolha de sabonetes hidratantes com formulações hipoalergênicas. Além disso, a maioria dos sabonetes líquidos possuem o pH próximo ao da pele, importante para a integridade da barreira.14,17
Outro ponto é evitar o uso de esponjas que podem machucar a pele, bem como água muito quente e banhos longos.14,17
Toda orientação de cuidado com a pele para os pacientes em tratamento oncológico deve partir de profissionais das áreas de Oncologia e Dermatologia. Somente a equipe multidisciplinar pode esclarecer as dúvidas, acompanhar a manifestação de eventos adversos e a evolução do paciente ao tratamento.
Durante a jornada do paciente oncológico é essencial manter o autocuidado, confiar na equipe multidisciplinar, no tratamento e, sobretudo, ter esperança.
A Oncologia avança a cada dia e, hoje, medicamentos e dermocosméticos são capazes de minimizar os eventos adversos do tratamento oncológico.
Procure seu médico e mantenha qualidade de vida. Saiba mais sobre hidratação, fotoproteção e cuidados com o corpo durante o tratamento oncológico.
Revisora Científica: Dra. Giselle Barros - CRM/SP 126424.
Referências
Quais são os efeitos colaterais do tratamento do câncer?
O paciente diagnosticado com câncer pode apresentar uma série de sintomas causados pela doença e, além disso, pode sofrer alguns efeitos colaterais por conta da medicação oncológica...
Qual o papel da equipe multidisciplinar no tratamento do câncer?
Lidar com o câncer pode ser desafiador, emocional e fisicamente, fato que exige um tratamento com equipe multidisciplinar para atender o paciente em todas as suas necessidades. Muito além...
Como manter a saúde dos cabelos durante o tratamento oncológico?
A queda de cabelo durante o tratamento oncológico é um dos eventos adversos que mais causam medo e ansiedade no paciente. Alguns cuidados são fundamentais para manter a saúde do couro cabeludo e favorecer o crescimento dos cabelos.
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