Telemedicina e Oncologia: quais os benefícios?

médica praticando telemedicina.

A telemedicina pode facilitar o acompanhamento de pacientes oncológicos à distância, seja por questões relacionadas a limitações de deslocamento, falta de tempo ou maior conforto.1-12

A transformação digital fez com que os aparelhos móveis e computadores sejam indispensáveis no nosso dia a dia. Com isso, muitas atividades deixaram de ser feitas presencialmente, concentrando soluções na palma das mãos das pessoas. Da mesma forma, a internet vem transformando a saúde e a forma como as pessoas utilizam os serviços dessa área.

Um exemplo é a telessaúde, também chamada de telemedicina, que possibilita o atendimento médico online, pelo computador, tablet ou smartphone. Essa modalidade de atendimento não substitui a consulta presencial, mas ganhou muito espaço com a pandemia da Covid-19 e continua sendo uma opção para situações em que é possível um encontro virtual entre médico e paciente, seja por vídeo, mensagem ou qualquer outra forma de comunicação.1,2

No contexto oncológico, a telemedicina pode ser um recurso interessante de acompanhamento e cuidado do paciente fora do hospital.

O reconhecimento da telemedicina enquanto atendimento válido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) se deu recentemente e, por isso, algumas regras ainda podem ser novidade. Mas o fato é que a telessaúde possui diversos tipos de atendimentos, que devem garantir a integridade e segurança do paciente oncológico.1

Do ponto de vista dos benefícios, a telemedicina pode ampliar o acesso a consultas médicas oncológicas, principalmente para pacientes que vivem em áreas afastadas de grandes centros e pacientes com limitações de deslocamento. Já os desafios ficam, principalmente, relacionados à regulamentação da telessaúde, com regras bem claras para médicos e pacientes.1

Quais são os outros benefícios da telemedicina para pacientes oncológicos?

senhora fazendo consulta de telemedicina pelo tablet.

Cada vez mais, a saúde usa a tecnologia a seu favor, potencializando a qualidade de medicamentos, tratamentos e formas de prevenção. A telemedicina é mais uma forma de facilitar os cuidados em saúde, além de aproveitar o que já está disponível em nosso dia a dia.

Muitos pacientes com câncer precisam viajar longas distâncias para encontrar centros especializados no cuidado oncológico. Com a possibilidade de consultas virtuais, esse deslocamento - que pode ser desgastante - tem seu impacto reduzido.3

A telemedicina também facilita o acesso a segundas opiniões e consultas com especialistas de outras cidades ou até países. Essa, aliás, é outra vantagem importante: a descentralização de profissionais e pacientes oncológicos de metrópoles.3,4

Em relação às questões emocionais que o tratamento oncológico pode desencadear, também há benefícios. É comum que o paciente com câncer fique fragilizado por conta do longo período que passa no hospital. A telemedicina pode aliviar essa sensação e dar a oportunidade do paciente passar mais tempo em casa, próximo aos amigos e familiares.5

Para quem quiser realizar psico-oncológico, as sessões também podem acontecer à distância, caso o profissional e o paciente estejam de acordo com a modalidade de atendimento.5

Há, ainda, o contexto dos eventos adversos que podem acontecer com o paciente oncológico. Náuseas, vômitos, diarreia, falta de apetite, perda de peso, queda dos cabelos, fadiga são alguns dos efeitos que costumam ser reportados pelos pacientes em processo de quimioterapia e radioterapia. A telessaúde pode ser uma forma mais rápida e acessível de monitorá-los. O médico consegue acompanhar e aconselhar o paciente do lugar em que estiver.6,7

Todas essas possibilidades contribuem para a humanização do atendimento oncológico, levando em conta o respeito e a valorização à pessoa humana. Toda forma de melhorar o atendimento ao paciente pode impactar na aceitação do tratamento e no processo de combate/recuperação do câncer. Além disso, a telemedicina também pode melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde.8

Telemedicina para pacientes oncológicos no contexto da Covid-19

Durante a pandemia da Covid-19, o distanciamento social tornou-se uma estratégia para conter os avanços da transmissão do vírus. Nessa situação, pessoas que convivem com problemas de saúde crônicos ou doenças que necessitam de acompanhamento, como o câncer, tiveram que repensar os encontros presenciais com médicos.9

Para muitos casos, a telemedicina mostrou-se a melhor saída, possibilitando a continuidade de tratamentos, sem exposições desnecessárias ao risco de contrair Covid-19. Pacientes com câncer puderam poupar seu sistema imune e complicações, recebendo suporte médico por meios digitais. Isso contribuiu para popularizar a telessaúde, que ganhou alguns novos adeptos, com foco na:

  • comunicação mais rápida e eficiente entre a equipe multidisciplinar e o próprio paciente;
  • possibilidades de aconselhar e acompanhar a autogestão de saúde do paciente;
  • redução do tempo de espera para serviços de saúde.3,10

Quais são as normas para praticar a telemedicina oncológica?

médica em frente ao computador telemedicina.

O Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina validaram a telessaúde em março de 2020, durante a pandemia, para levar o atendimento à casa do paciente. O problema é que as regras para a prática não estavam muito claras na época. A falta de regulamentação deixou algumas lacunas que poderiam interferir na segurança do paciente, levando a uma polarização de opiniões sobre esse tipo de atendimento. Afinal, o objetivo da telemedicina é favorecer os pacientes.9

Por isso, em 2022, o CFM definiu um regulamento de telemedicina junto a entidades médicas e especialistas no Brasil. Os principais pilares do regulamento são a segurança, privacidade, confidencialidade e integridade dos dados dos pacientes.11

De acordo com as normas, cabe ao médico avaliar se a telemedicina é o método mais adequado para a situação do paciente oncológico, arcando com toda a responsabilidade dessa orientação. Os atendimentos devem ser registrados em prontuário médico físico ou de sistemas informacionais.11

O profissional que pratica a telemedicina também precisa manter um arquivo com as informações das consultas com cada paciente oncológico, resultados de exames e conduta médica. Qualquer relatório, atestado ou prescrição emitida e enviada à distância precisa ter a identificação do médico, com nome, CRM e endereço profissional. O documento ainda precisa de data, hora e assinatura do profissional (com certificação digital), além dos dados do paciente. É importa atentar-se às normas vigentes da LGPD no Brasil.11,12

Como funciona a cobrança por consultas de telemedicina oncológica?

A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) não define regulamentações específicas para o atendimento particular via telemedicina. Nesses casos, o próprio profissional define o valor pelo atendimento.12

Já na rede pública de saúde, não há informações sobre a remuneração de profissionais do SUS por consultas à distância.12

Que tipos de atendimentos oncológicos podem ser feitos por telemedicina?

médico atendendo paciente por telemedicina.

O CFM definiu algumas modalidades de telemedicina, facilitando a identificação de situações que podem ser mais propícias à interação virtual. Além da teleconsulta, que envolve o profissional de saúde e o paciente de forma digital, há:

Teleconsultoria

Consultorias entre médicos, gestores e qualquer outro profissional, realizadas por meio de plataformas digitais.11

Teleinterconsulta

Modalidade definida pela troca de informações e opiniões entre médicos, com ou sem a presença do paciente. Pode servir para auxiliar diagnósticos ou processos terapêuticos, clínicos e cirúrgicos.11

Telediagnóstico

Ocorre quando um laudo ou parecer de exame é enviado pela internet, utilizando gráficos, imagens e dados. Para esses casos, é importante que o documento seja autorizado por um médico com Registro de Qualificação de Especialista (RQE) na área relacionada ao procedimento.11

Telecirurgia

A telecirurgia acontece quando o médico utiliza um robô para operar um paciente à distância. Essa modalidade é chamada de cirurgia robótica e foi regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina em 2022.11

Televigilância

É o nome dado para o monitoramento remoto do paciente, seja por meio da coleta de imagens, sinais, dados de equipamentos e parâmetros de saúde do paciente. Pode envolver a supervisão, coordenação e orientação do profissional de saúde.11

Teletriagem

Serve para identificar os sintomas do paciente à distância, a fim de direcioná-lo para a assistência médica mais adequada.11

Outras situações que são mais propícias ao atendimento virtual estão relacionadas a cuidados paliativos, acompanhamento pós-operatório, avaliação de resultados de exames, doenças ou quadros recorrentes, condições de pele, gerenciamento de prescrição, fisioterapia, entre outros.1

O paciente oncológico ainda pode usufruir de aplicativos móveis para monitorar sinais vitais, eventos adversos, níveis de açúcar, pressão arterial, níveis de oxigênio e qualidade do sono. Dessa forma, o médico pode acessá-los remotamente e tudo pode ser discutido em consulta virtual.1

Quais são os desafios da telemedicina oncológica?

Apesar de todos os benefícios citados, não dá para ignorar as barreiras que podem existir para realizar o teleatendimento. Seja do lado dos profissionais de saúde ou dos pacientes, o principal desafio é o acesso à uma infraestrutura tecnológica adequada. Isso porque os aparelhos ou serviços digitais podem ser caros demais e inacessíveis para muitas pessoas.4

Computador, tablet, smartphone e roteadores não são aparelhos baratos. Da mesma forma, nem todos os locais possuem acesso a serviços de internet, limitando, ainda, todo potencial que a telemedicina pode ter no Brasil.4

Outro ponto relacionado ao tema aborda a capacidade de implementar a telemedicina em grande escala, garantindo a proteção de informações e integridade do paciente oncológico. Para isso, é necessário existir uma integração de serviços que centralizem os dados digitais dos atendimentos, facilitando e aprimorando esses serviços de saúde à distância.4

Vamos juntos explorar todos os recursos disponíveis para melhorar o acesso e a qualidade do atendimento oncológico. Acesse outros conteúdos do Programa Suavidade para ficar por dentro da Oncologia e cuidados com o paciente!

Revisora Científica: Dra. Giselle Barros - CRM/SP 126424.

Referências

  1. Telehealth. What is telehealth? Disponível em:https://telehealth.hhs.gov/patients/understanding-telehealth/. Acesso em: 08 set. 2022.
  2. WebMD. How does telemedicine work? Disponível em:https://www.webmd.com/lung/how-does-telemedicine-work#1 . Acesso em: 08 set. 2022.
  3. Mayo Clinic. Telehealth: Technology meets health care. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/healthy-lifestyle/consumer-health/in-depth/telehealth/art-20044878 . Acesso em: 08 set. 2022.
  4. Onconews.Telemedicina no cuidado oncológico. Disponível em: https://www.onconews.com.br/site/noticias/noticias/reportagens/4849-telemedicina-no-cuidado-oncol%C3%B3gico.html . Acesso em: 08 set. 2022.
  5. Oncocenter. Psico-oncologia: o que é? Quais as suas contribuições para o paciente oncológico Disponível em: https://oncocentersaj.com.br/psico-oncologia-o-que-e-quais-as-suas-contribuicoes-para-o-paciente-oncologico/ . Acesso em: 08 set. 2022.
  6. Yale Medicine. Side Effects of Cancer Treatment. Disponível em: https://www.yalemedicine.org/conditions/side-effects-cancer-treatment#:~:text=Some%20of%20the%20most%20common,all%20cancers%20and%20cancer%20treatments . Acesso em: 08 set. 2022.
  7. CDC. Side effects of cancer treatment Disponível em: https://www.cdc.gov/cancer/survivors/patients/side-effects-of-treatment.html . Acesso em: 08 set. 2022.
  8. Abrale. Tratamento humanizado, benefícios para todos. Disponível em: https://revista.abrale.org.br/tratamento-humanizado-beneficios-para-todos/ . Acesso em: 08 set. 2022.
  9. Abrale.Telemedicina Abrale para pacientes com câncer do sangue. Disponível em: https://www.abrale.org.br/servicos-gratuitos/telemedicina/ . Acesso em: 08 set. 2022.
  10. CDC. What is Telemedicine in a non-US Setting. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/global-covid-19/telemedicine.html . Acesso em: 08 set. 2022.
  11. Conselho Federal de Medicina.Após amplo debate, CFM regulamenta prática da Telemedicina no Brasil. Disponível em: https://portal.cfm.org.br/noticias/apos-amplo-debate-cfm-regulamenta-pratica-da-telemedicina-no-brasil/. . Acesso em: 08 set. 2022.
  12. Sociedade Brasileira de Oncologia. O que o oncologista deve saber para fazer atendimentos por telemedicina durante a pandemia Disponível em: https://www.sboc.org.br/noticias/item/1818-pratica-da-telemedicina-ganha-normas-para-atendimento-durante-pandemia-de-covid-19. . Acesso em: 08 set. 2022.

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